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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rua da Bahia

Na altura dos olhos.
Comprovado em pesquisas grande parte das pessoas quando andam pelas ruas, dirigem, viajam ou nos menores atos como chegar em um local novo, observam somente o que está na altura dos olhos.
Muitas pessoas não conhecem o Museu Inimá de Paula, mesmo estando no ponto central de Belo Horizonte e em uma das ruas principais no cenário cultural da cidade, a rua da Bahia.

Você conhece a rua da Bahia?

Já passou por aqui?

Na primeira cidade planejada do Brasil, a rua Bahia foi traçada como eixo de ligação entre a parte administrativa, erguida na Praça da Liberdade, e o centro comercial que surgiu ao redor da Praça da Estação e da Avenida Afonso Pena.
No entanto a rua extrapolou o limite de mero "corredor" a um ativo centro cultural com a presença de artistas, intelectuais e jornalistas nas suas livrarias e bares.
Na esquina com a Avenida Augusto de Lima, existia o hotel mais importante da cidade, o Grande Hotel. Era comum da sacada do segundo andar, políticos discursarem para a população belorizontina. Além de políticos, personagens importantes já se hospedaram no hotel, como Santos Dumont, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz, Getúlio Vargas entre outros.
Em 1957, o Hotel foi demolido para a construção do edifício Arcângelo Maletta, inaugurado em 1961.
No térreo, do então novo prédio, existiam diversos bares, entre eles o ainda existente Cantina do Lucas (foi movimentado ponto de encontro de intelectuais e jornalistas).
A rua da Bahia também tinha grande importância no carnaval belorizontino.


"Todos os caminhos iam à rua da Bahia. Da rua da Bahia partiam vias para os fundos do fim do mundo, para os tramontes dos acabaminas... A simples reta urbana... mas seria uma reta?Ou antes, a curva? Era a reta, a reta sem tempo, a reta continente dos segredos dos infinitos paralelos. E era a curva. A imarcesível curva, é pura dos passos projetados, imanência das ciclóides, círculo infinito... Nós sabíamos, o Carlos tinha dito. A rua da Bahia era rua sem princípio nem fim.D escíamos, cada um de nós era um dos moços do poema. Subíamos.Um moço subia a rua da Bahia.
Pedro Nava


"Fechado o cinema Odeon, na rua da Bahia.
Fechado para sempre.
Não é possível, minha mocidade.
Fecha com ele um pouco.
Não amadureci ainda bastante
Pra aceitar a morte das coisas
Que minhas coisas são, sendo de outrem,
E até aplaudí-la, quando for o caso
(amadurecerei um dia?)
Não aceito, por enquanto, o cinema Glória,
Maior, mais americano, mais isso e aquilo.
Quero é o derrotado cinema Odeon,
o miúdo, fora de moda cinema Odeon.
A espera na sala de espera.
A matinê
Buck Jones, tombos, tiros, tramas.
A primeira sessão e a segunda sessão da noite.
A divina orquestra, mesmo não divina,
Costumeira.
O jornal da Fox. William S. Hart.
As meninas de família na platéia.
A impossível sonhada bolinação
Pobre sátiro em potencial.
Exijo em nome da lei ou fora da lei
Que se reabram as portas e volte o passado
Musical, waldenarpissilândico, sublime agora
Que para sempre submerge em funeral de sombras
Neste primeiro luto lento de janeiro
de 1928."
Carlos Drummond de Andrade

"Minha vida é essa, subir Bahia, descer Floresta"
Pedro Nava

Visite o Museu Inimá de Paula e conheça um pouco mais sobre esse circuito cultural instaurado na rua da Bahia e além do que os olhos costumam observar.